Mundo – Quatro torcedores do Atlético de Madrid foram condenados por crime de ódio e ameaças contra o atacante Vinicius Junior, do Real Madrid, após simularem o enforcamento de um manequim com a camisa do jogador em janeiro de 2023.
O episódio, que ganhou repercussão internacional e gerou forte reação da sociedade, foi considerado pelo Tribunal Provincial de Madri um ato racista e violento, com o claro objetivo de intimidar e humilhar o atleta brasileiro.
Apesar das condenações, os réus não irão cumprir pena em regime fechado. Eles aceitaram medidas alternativas, como parte de um acordo judicial, e assumiram a autoria do crime, o que resultou na suspensão das penas de prisão.
O crime ocorreu em uma ponte próxima ao centro de treinamento do Real Madrid, em Valdebebas. O grupo pendurou um boneco representando Vinicius Jr. com uma faixa que dizia: “Madrid odeia o Real”. Um dos envolvidos gravou e divulgou o vídeo nas redes sociais, o que ampliou a repercussão do caso.
A Justiça, no entanto, entendeu que o ato ia muito além de uma provocação esportiva. Tratava-se de um crime motivado por ódio racial e violência simbólica, direcionado a um jogador que tem sido alvo constante de ataques racistas em território espanhol.
As penas impostas aos réus
- Um dos acusados foi condenado a 15 meses de prisão por crime de ódio e mais 7 meses por ameaças, além de ser responsabilizado pela divulgação do vídeo. Ele também pagará uma multa de 1.084 euros (cerca de R$ 6,9 mil) e está proibido de atuar em espaços educacionais, esportivos ou recreativos voltados a jovens por 4 anos e 3 meses.
- Os outros três réus receberam 14 meses de prisão (7 por crime de ódio e 7 por ameaças) e terão que pagar 720 euros cada. Eles estão proibidos de trabalhar ou exercer qualquer atividade ligada ao esporte por 3 anos e 7 meses.
Todos os quatro também assinaram uma carta de desculpas direcionada a Vinicius Junior, ao Real Madrid, à LaLiga e à Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), e deverão frequentar um curso sobre igualdade de tratamento e não discriminação.
Além disso, os condenados estão proibidos de se aproximar a menos de 1 km da casa de Vinicius ou das instalações do clube.
A decisão foi celebrada pela LaLiga como “um avanço concreto na luta contra o racismo nos estádios e fora deles”. Para muitos, a sentença representa uma virada no comportamento das autoridades espanholas, que vinham sendo duramente criticadas por sua postura leniente em casos de injúria racial no futebol.
Vinicius Junior, que já havia se pronunciado diversas vezes sobre a falta de punições exemplares, ainda não comentou publicamente a decisão, mas a expectativa é que o caso abra precedentes para a responsabilização de outros atos racistas no esporte europeu.