Em um tempo no qual as viagens interplanetárias ocupam as agendas de muitos países (somente em 2021 foram enviadas três missões a Marte), uma pergunta recorrente é: por que planetas maiores e mais fascinantes, como Saturno, não entram na mira das viagens espaciais?
Ao pesquisar nas redes sociais, surgem imediatamente diversas teorias de conspiração sobre viagens a Saturno, afirmando que a NASA jamais enviou uma espaçonave real ao planeta, pois estaria escondendo a existência de vida, e até mesmo de uma base alienígena lá. De acordo com essas publicações, todas as imagens divulgadas teriam sido feitas em estúdio.
Delírios à parte, há motivos reais pelos quais não enviamos seres humanos à Saturno, e o primeiro deles é certamente a distância. No seu período de maior aproximação da Terra, como ocorreu no último domingo (27), o planeta estava a cerca de 1,2 bilhão de quilômetros de nós. Com a tecnologia disponível, uma viagem entre os dois planetas levaria cerca de oito anos.
You cannot go to these “planets” because exploration was a lie.
Jesus it gets so worse pic.twitter.com/csq8Ajqdib
— kingthrash S-CLASS gamer (@DoWhatYouDo6) August 29, 2023
Quais os reais motivos para não pousar astronautas em Saturno?
Além dos possíveis riscos e desgastes a uma tripulação, como exposição à radiação cósmica e isolamento psicológico, há outro motivo para não pousar em Saturno: não há onde pousar. Assim como Júpiter, o planeta é um “gigante gasoso”, o que significa a inexistência de uma superfície sólida, pois trata-se de um corpo celeste formado basicamente de hidrogênio e hélio.
Se mergulhássemos nesse cenário, que contém vestígios de gelo com água, amônia e metano, encontraríamos, no fundo, o hidrogênio em sua forma líquida sob pressão, e mais abaixo, por ser mais pesado, o hélio que assume o mesmo estado.
Indo mais fundo, e sob mais pressão, o gás mais leve se transforma em hidrogênio metálico. E talvez, no centro do planeta, exista um núcleo rochoso, estimado em dez vezes a massa da Terra, com um interior recheado de metais como ferro e níquel. Mas, ainda que pudéssemos acessar esse núcleo teórico, é possível que ele também seja líquido.
Os desafios finais em Saturno: pressão e temperatura
Se você achou que os motivos para não pousar em Saturno foram insuficientes até agora, pense na pressão atmosférica. Se o peso da atmosfera sobre a superfície do planeta é de 1 bar na Terra, em Saturno esse valor é de 1 milhão de bar. Ou seja, se por um milagre os astronautas conseguissem sobreviver, seriam imediatamente esmagados.
Para concluir a saga, há a questão da temperatura: embora distante do Sol, a gravidade de Saturno puxou seu material constituinte inicial para o centro do planeta, criando uma pressão que gera temperaturas de até 15 mil graus.
O desafio final de uma improvável expedição a Saturno seria decolar um foguete, pois, além da inexistência de um ponto de decolagem, a espaçonave teria que ser mais poderosa, devido à maior gravidade do planeta.
Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro de mais curiosidades astronômicas essa aqui no TecMundo. E já que ir até Saturno é uma missão impossível, quem sabe uma visita para um vizinho mais próximo, como o Planeta Vermelho? Afinal, a NASA até já marcou a data para a chegada da humanidade em Marte.