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Oito desafios do novo papa à frente da Igreja Católica

Cardeais brasileiros seguem em Roma para escolha do novo papa

Vaticano — A morte do papa Francisco, ocorrida na segunda-feira (21), um dia após as celebrações da Páscoa, deixa a Igreja Católica diante de uma transição histórica e delicada. O conclave para a escolha do novo pontífice deve acontecer em maio, embora a data ainda não esteja definida. Especialistas alertam que o sucessor terá uma missão desafiadora: dar continuidade às reformas e ao novo paradigma de liderança implantado por Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano da história.

Durante seu pontificado, Francisco se destacou por romper com padrões históricos da Igreja, promovendo uma figura mais humilde, próxima dos pobres e sensível a questões sociais, ambientais e contemporâneas. Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ex-coordenador do núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, a força de Francisco estava no exemplo. “Ele obrigava a estrutura a se adaptar pelo tipo humano que representava. Como dizer que o Vaticano não deve se apegar a bens materiais se o próprio papa abdicava do conforto?”, questiona.

1. Imagem de Francisco

Francisco marcou profundamente a Igreja com sua simplicidade, carisma e postura antielitista. Criou uma expectativa mundial por um líder espiritual humano, transparente e atento aos marginalizados. O próximo papa terá de lidar com esse legado simbólico e com a pressão para não retroceder a uma figura distante e institucional.

2. Reformas da Igreja

Francisco iniciou uma série de reformas administrativas no Vaticano, focando em governança, transparência e compliance, áreas críticas em uma instituição historicamente marcada pelo sigilo. Combater desvios financeiros, promover eficiência na aplicação de recursos e enfrentar escândalos como os de abusos sexuais seguem como tarefas urgentes. O novo papa também precisará lidar com divisões internas e resistências de setores ultraconservadores.

3. Meio ambiente

O argentino foi o primeiro papa a colocar o meio ambiente no centro da doutrina social da Igreja. A encíclica Laudato Si (2015), publicada no mesmo ano do Acordo de Paris, tornou-se um manifesto da “ecologia integral”, chamando o planeta de “Casa Comum”. Ignorar essa pauta poderá trazer desgastes à imagem da Igreja em escala global.

4. Homossexuais

Francisco deu passos importantes em direção ao acolhimento de pessoas LGBTQIA+, ao permitir, por exemplo, a bênção de casais do mesmo sexo fora de contextos litúrgicos. Mas a oposição interna limitou avanços mais expressivos. O sucessor terá de decidir se dará continuidade à abertura ou cederá às pressões conservadoras.

5. Participação das mulheres

Apesar de avanços simbólicos, como o direito de voto feminino no Sínodo dos Bispos e a nomeação de mulheres para cargos importantes no Vaticano, a ordenação feminina segue fora do horizonte. A ampliação do papel da mulher na Igreja será um tema incontornável nos próximos anos.

6. Relação com líderes populistas

O novo pontífice terá de lidar com o impacto político de líderes como Donald Trump, cuja agenda antimigratória e postura isolacionista entram em conflito direto com os valores promovidos por Francisco. Haverá expectativa de que o papa se posicione mais firmemente sobre temas globais, sem recorrer ao tradicional silêncio diplomático.

7. Guerras e conflitos

Francisco manteve uma atuação ativa na busca pela paz em conflitos como o da Ucrânia, Israel e Gaza, atuando até mesmo como interlocutor de reféns e vítimas civis. Seu sucessor precisará continuar essa diplomacia humanitária, enfrentando uma ordem mundial cada vez mais polarizada e violenta.

8. Diálogo inter-religioso e liberdade religiosa

Com o crescimento do catolicismo em regiões como África e Ásia, e em um contexto de crescente intolerância religiosa, o novo papa terá de reforçar pontes com outras religiões e lutar pela liberdade de fé no mundo. Segundo dados citados por Borba Neto, mais de 4 mil cristãos são mortos anualmente por questões religiosas, além de dezenas de milhares de casos de perseguição.

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