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Jornalista fugiu de cárcere privado horas antes de ser morta

Jornalista fugiu de cárcere privado horas antes de ser morta

Brasil – A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi vítima de feminicídio na tarde desta quarta-feira (12), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Horas antes do crime, Vanessa havia registrado um boletim de ocorrência contra o ex-noivo, o músico Caio Nascimento, por agressões e cárcere privado. Apesar de ter conseguido uma medida protetiva, a jornalista foi surpreendida pelo ex-companheiro ao retornar à residência para buscar seus pertences, onde foi esfaqueada três vezes no tórax. Ela não resistiu aos ferimentos e faleceu na madrugada desta quinta-feira (13).

Vanessa Ricarte havia escapado de um cárcere privado imposto por Caio Nascimento, que a mantinha trancada em casa e a proibia de sair. Segundo as titulares da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), Analu Ferraz e Elaine Benicasa, a jornalista conseguiu fugir e procurou ajuda na delegacia. “Ele não a deixava sair de casa, e, no momento em que ela conseguiu sair, veio até a delegacia para denunciar as agressões”, relatou uma das delegadas.

Além das agressões físicas e psicológicas, Vanessa também teve sua imagem exposta em um site de conteúdo adulto sem seu consentimento, o que agravou a situação de violência a que ela estava submetida.

O crime

Após registrar o boletim de ocorrência e conseguir uma medida protetiva, Vanessa retornou à casa onde morava, acompanhada de um amigo, para buscar seus pertences. Foi nesse momento que Caio Nascimento a surpreendeu e desferiu três facadas contra seu tórax. O amigo da vítima relatou que a ação foi rápida e que, após o ataque, eles se trancaram em um quarto enquanto acionavam o socorro.

Vanessa foi encaminhada em estado grave para a Santa Casa de Campo Grande, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no início da madrugada. Caio Nascimento foi preso em flagrante e responderá pelo crime de feminicídio.

Repercussão e lamentações

A morte de Vanessa Ricarte comoveu autoridades, políticos e entidades de Mato Grosso do Sul. O governador do estado, Eduardo Riedel (PSDB), lamentou o ocorrido e destacou os impactos da violência contra a mulher na sociedade. “É uma tragédia que nos faz refletir sobre a urgência de fortalecer as políticas públicas de proteção às mulheres”, afirmou.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MS (Sindjor/MS), a Comissão de Mulheres e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) também se manifestaram, destacando que a morte de Vanessa representa uma perda irreparável para o jornalismo e para a sociedade. “De texto impecável e ideias constantes, Vanessa sempre tinha um projeto novo na manga. Era de uma vitalidade admirável. Sua morte indigna não só pela brutalidade, mas por expor falhas que não deveriam existir no sistema de combate à violência contra a mulher”, disseram em nota.

Vanessa Ricarte: uma profissional dedicada

Vanessa trabalhava como jornalista no Ministério Público do Trabalho (MPT), onde era reconhecida por sua dedicação e comprometimento com a missão institucional. Em comunicado, o MPT destacou que Vanessa contribuía significativamente para a divulgação e conscientização sobre os direitos trabalhistas e a justiça social. “Sua perda é um golpe não apenas para a instituição, mas para toda a sociedade, que vê mais uma vida ceifada pela violência de gênero”, afirmou a instituição.

Reflexões sobre a violência de gênero

O caso de Vanessa Ricarte expõe as falhas no sistema de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica. Apesar de ter registrado um boletim de ocorrência e obtido uma medida protetiva, a jornalista não conseguiu escapar da tragédia. O feminicídio reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes e de uma rede de apoio que garanta a segurança das mulheres em situação de risco.

A memória de Vanessa Ricarte será lembrada como um símbolo da luta contra a violência de gênero. Sua história trágica deve servir como um alerta para a sociedade e as autoridades, motivando ações concretas para prevenir novos casos e proteger as mulheres que vivem sob ameaça.

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