Brasil – A prisão de Izamar Pinheiro de Souza, de 39 anos, em Guarapari, no Espírito Santo, escancarou não apenas um esquema de venda ilegal de armas pelas redes sociais, mas também acendeu um alerta sobre a facilidade de acesso ao armamento por vias clandestinas. O caso, que mobilizou a Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), revela como brechas na fiscalização e na rastreabilidade de armas contribuem para alimentar o crime organizado e aumentar a insegurança nas cidades.
Izamar foi preso em flagrante na última terça-feira (18), no bairro Muquiçaba, após a polícia localizar em sua residência uma espingarda calibre 12 recém-fabricada, além de peças e acessórios utilizados na produção de armas. Anteriormente, ele havia sido identificado como vendedor de armas e munição por meio de grupos no WhatsApp e no Instagram. Em suas publicações, fazia questão de mostrar o rosto, segundo ele, para “passar credibilidade” aos compradores.
O delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, responsável pela Desarme, destacou que Izamar admitiu usar a própria imagem como forma de conquistar a confiança dos clientes e se diferenciar de outros vendedores. “Ele disse que precisava se exibir, porque nesse mercado há muita gente desonesta que anuncia sem ter o produto”, afirmou.

No entanto, a prisão de Izamar trouxe à tona um problema ainda maior: a origem das armas vendidas. Perícias realizadas em uma pistola anunciada por ele apontaram que a arma fazia parte do estoque de uma loja de Vitória, fechada há mais de dez anos por ordem do Exército Brasileiro devido a irregularidades. A loja, que teoricamente ainda possuía 240 armas em estoque, não soube informar o paradeiro do armamento.
Casos como este têm um impacto direto sobre a segurança das comunidades, sobretudo nas periferias e regiões vulneráveis. Armas que deveriam estar sob controle do Estado acabam nas mãos de criminosos, traficantes e até homicidas. Algumas das armas do mesmo lote já foram apreendidas em operações contra o crime organizado, reforçando a gravidade do caso.
A prática revela a facilidade com que armamentos podem ser desviados e vendidos, inclusive pela internet, utilizando plataformas acessíveis ao público em geral. Isso acirra o debate sobre a regulação do comércio de armas e a fiscalização dos estoques, mesmo após o encerramento formal de estabelecimentos.
Além da prisão de Izamar, que agora está sob custódia preventiva, a Polícia Civil continua investigando o destino das armas da loja fechada e a responsabilidade do lojista, que permanece em liberdade. O comerciante será indiciado por comércio ilegal de armas de fogo e poderá responder criminalmente pelo desvio do arsenal.
A polícia também mantém buscas para localizar as demais armas que foram ilegalmente distribuídas. O objetivo é impedir que mais armamentos sejam utilizados em crimes e dar respostas à sociedade, que vem enfrentando o aumento da violência armada.
A Polícia Civil reforça a importância das denúncias anônimas que permitiram a descoberta do esquema e incentiva a população a continuar colaborando. Informações podem ser repassadas pelo Disque-Denúncia 181, de forma sigilosa.