Mundo – O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol protagonizou nesta terça-feira (3) um dos capítulos mais tensos de sua gestão ao decretar a lei marcial, sob a justificativa de que o parlamento, de maioria opositora, estaria sabotando seu governo e servindo aos interesses da Coreia do Norte.
A medida, que gerou forte reação política e social, foi revogada poucas horas depois, após o parlamento aprovar uma moção que anulou o decreto. A decisão de Yoon provocou protestos em massa e abriu um novo capítulo de embate entre o Executivo e a oposição no país.
Argumento presidencial e resposta da oposição
Em um pronunciamento transmitido em rede nacional, Yoon acusou seus adversários políticos de “trabalharem em prol do regime comunista” e disse que a lei marcial seria necessária para proteger a democracia sul-coreana.
A oposição, porém, classificou a medida como uma tentativa autoritária de centralizar o poder e “silenciar vozes críticas” ao governo. Protestos espontâneos surgiram em Seul e outras cidades, com manifestantes denunciando a supressão de liberdades civis.
O que previa a lei marcial?
Descrita no Artigo 77 da Constituição da Coreia do Sul, a lei marcial é uma medida extrema, usada em situações de guerra ou grave crise interna. No decreto assinado por Yoon, estavam incluídas as seguintes restrições:
- Proibição de atividades políticas e manifestações, incluindo as do parlamento.
- Censura à mídia, com controle militar sobre meios de comunicação e publicações.
- Repressão a greves e paralisações, com exigência de retorno ao trabalho para profissionais essenciais, como médicos.
- Medidas para coibir “notícias falsas” e propaganda considerada subversiva.
Os direitos civis ficariam severamente limitados, e qualquer descumprimento seria punido sob regime militar.
Revogação e desgaste político
A decisão de impor a lei marcial durou poucas horas. O parlamento da Coreia, liderado pela oposição, realizou uma sessão de emergência e aprovou uma moção para derrubá-la. A rápida reação legislativa forçou Yoon a recuar, revogando o decreto ainda na noite de terça-feira.
O episódio intensifica a crise institucional no país, com questionamentos sobre a habilidade de Yoon em lidar com as críticas e o fortalecimento da oposição.
Repercussão internacional
Governos e organizações internacionais observaram o caso com preocupação. O uso da lei marcial em um país democrático como a Coreia do Sul foi visto como um retrocesso autoritário e pode abalar a credibilidade de Yoon no cenário global.
O que vem pela frente?
A crise expôs a fragilidade política do governo Yoon e elevou a tensão entre Executivo e Legislativo. Nos próximos dias, o presidente deve enfrentar um intenso debate interno e pressão popular.
A Coreia do Sul, até então um exemplo de estabilidade democrática na Ásia, se vê em um momento de incerteza que pode definir os rumos do governo de Yoon e o futuro político do país.