MUNDO – As relações entre Israel e Irã foram cordiais até 1979, quando a Revolução Islâmica derrubou a monarquia dos xás no Irã. Durante o período do xá Reza Pahlavi, o Irã foi o segundo país muçulmano a reconhecer Israel, após o Egito, mantendo estreitos laços com os Estados Unidos e com o Estado judeu.
A Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini transformou radicalmente essa dinâmica. O novo regime rompeu relações diplomáticas com Israel, confiscou a embaixada israelense em Teerã e a entregou à Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Segundo Alí Vaez, do International Crisis Group, a oposição a Israel tornou-se pilar ideológico do regime iraniano, que buscava se projetar como potência pan-islâmica.
Nas décadas seguintes, as tensões evoluíram para uma “guerra nas sombras”. O Irã passou a apoiar grupos como o Hezbollah no Líbano, enquanto Israel focou em sabotar o programa nuclear iraniano – incluindo ataques cibernéticos e assassinatos de cientistas. A guerra civil na Síria (a partir de 2011) intensificou o conflito, com Irã apoiando o regime de Assad e Israel atacando alvos iranianos no país.
O atual confronto aberto, com troca direta de ataques desde 13 de junho, representa o ápice de décadas de hostilidades. Com mais de 240 mortos, o conflito tem como pano de fundo a insistência israelense em impedir o desenvolvimento nuclear iraniano e a determinação do Irã em manter sua influência regional, tornando difícil qualquer solução negociada no curto prazo.