Brasil – O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por suposta participação em um esquema de manipulação de resultados para favorecer apostadores. A acusação tem como base a suspeita de que o jogador teria forçado a aplicação de um cartão amarelo em uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023.
A denúncia, apresentada nesta quarta-feira (11), é resultado de investigação da Polícia Federal (PF) e envolve outras nove pessoas. O caso é tratado como crime de fraude em competição esportiva e estelionato contra empresas de apostas esportivas, com base nas Leis nº 14.597/2023 e 14.790/2023.
Segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Bruno Henrique teria informado previamente ao irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, que receberia um cartão amarelo no jogo entre Flamengo e Santos. As mensagens interceptadas pela PF indicam que o objetivo era beneficiar um grupo de apostadores com informações privilegiadas.
Conversas entre Bruno Henrique e seu irmão revelam supostos acordos prévios envolvendo a manipulação de cartões. Em uma das trocas de mensagens, o atacante confirma que entraria com mais força em uma jogada para forçar a advertência. O irmão reage de forma entusiasmada, falando em “guardar o dinheiro” e tratando o episódio como um “investimento”.
Em outro trecho, o jogador também menciona que seria necessário movimentar valores altos, chegando a citar transferências de R$ 10 mil por semana. Ele ainda sugere utilizar nomes de terceiros para evitar associação direta com familiares.
Além do jogo contra o Santos, a PF destacou o comportamento do atleta em outras partidas, incluindo o confronto entre Flamengo e Corinthians, onde Bruno Henrique também recebeu cartão amarelo após nova conversa suspeita com o irmão.
As investigações tiveram início a partir de uma denúncia feita pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), após alerta da International Betting Integrity Association (IBIA) sobre apostas incomuns na partida contra o Santos. A análise identificou movimentações atípicas, especialmente registradas por usuários em Belo Horizonte, cidade natal do atacante.
A PF também aponta a existência de possíveis conexões com apostas em corridas de cavalo, mencionadas nas mensagens de Bruno Henrique como “parada de cavalo”, indicando ramificações do esquema para além do futebol.
Agora, caberá à Justiça decidir se aceita a denúncia apresentada pelo Ministério Público. Caso isso ocorra, Bruno Henrique se tornará réu no processo criminal e passará a responder formalmente pelas acusações.
Apesar da gravidade das suspeitas, o jogador ainda não se manifestou oficialmente. O Flamengo também não divulgou nota sobre o caso até o momento.
Paralelamente ao processo criminal, Bruno Henrique pode enfrentar punições no âmbito da Justiça Desportiva, que conduz investigação própria sobre a conduta do atleta em campo.
O caso lança nova luz sobre a vulnerabilidade do futebol brasileiro diante de esquemas de manipulação ligados ao mercado de apostas, uma indústria bilionária em franca expansão e, cada vez mais, alvo de investigações profundas.