Manaus (AM) – O Processo de Eleição Direta (PED) 2025 do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas se transformou em um embate direto entre dois nomes simbólicos da legenda: o vereador de Manaus, Zé Ricardo Wendling, e o deputado estadual Sinésio Campos. De um lado, o discurso de renovação e retorno às origens do partido; do outro, a continuidade de uma liderança histórica que comanda a sigla no estado há décadas.
Com a chapa “Partido de Lutas e Resistência”, José Ricardo oficializou na sexta-feira (9) sua candidatura à presidência estadual do PT. A iniciativa representa uma tentativa clara de romper o que seus aliados classificam como “hegemonia vitalícia” de Sinésio no diretório estadual. Zé Ricardo, que faz parte da corrente interna Resistência Socialista, também declarou apoio ao candidato de Lula para o comando nacional do partido, Edinho Silva.
“Precisamos voltar às nossas origens, àquele partido que estava nas ruas, lutando pelos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Hoje temos um partido no estado que não sabemos para que serve, que não está mais à frente das lutas sociais, como devia, ao lado do povo”, afirmou o vereador em seu discurso de lançamento.
A chapa do PT encabeçada por Zé Ricardo também indicou Moisés Aragão, liderança dos movimentos sociais de Manaus, como candidato à presidência municipal do partido.
Do outro lado da disputa, Sinésio Campos também lançou oficialmente sua candidatura à reeleição, em um evento realizado na sede do PT em Manaus, que contou com a presença de lideranças políticas, sindicais e comunitárias de diversas regiões do estado. Com oito mandatos consecutivos, Sinésio defende a unidade partidária e a continuidade do trabalho que, segundo ele, fortaleceu a presença do PT nas bases.
“A candidatura nasceu do desejo coletivo de manter o PT unido e combativo. Nossa luta é por mais protagonismo da militância, mais organização partidária e mais presença nas comunidades”, declarou o deputado estadual, que apoia Romênio Pereira para a presidência nacional do partido.
Outros cinco nomes também foram oficializados para concorrer: Luiz Borges, Herbert Amazonas, João Pedro, Arivan Reis e Barroncas.

A disputa entre renovação e continuidade ganha novo peso à luz de uma decisão tomada pelo Diretório Nacional do PT em fevereiro deste ano. A direção nacional do partido aprovou a permissão para que quem já ocupa um terceiro mandato em cargos legislativos possa concorrer à reeleição em 2026. A mesma regra foi estendida a dirigentes da executiva partidária, anteriormente limitados a três mandatos consecutivos. A medida, segundo a sigla, busca valorizar a experiência política acumulada por esses quadros — favorecendo diretamente lideranças como Sinésio Campos.
O PED 2025 será realizado no dia 6 de julho, das 9h às 17h, em todo o país, com votação presencial e secreta. No Amazonas, 83 candidaturas à presidência municipal foram registradas, das quais 26 são de atuais presidentes em busca da reeleição. Já nos municípios de Ipixuna, Itamarati e Nova Olinda do Norte, não foram formadas comissões provisórias por falta de indicações das chapas estaduais.
O resultado da eleição interna poderá redefinir os rumos do PT no Amazonas em um momento político decisivo para o estado e o país.