Marcas da violência
URGENTE: Violência contra o povo Guarani Kaiowá em Mato Grosso do Sul expõe grave violação de direitos humanos
Na manhã desta quarta-feira (27), o povo Guarani Kaiowá, que protestava pacificamente em Mato Grosso do Sul por acesso à água, foi alvo de um ataque violento pela Polícia Militar do estado. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), várias pessoas ficaram gravemente feridas durante a ação, e ambulâncias foram impedidas de prestar socorro às vítimas. A polícia teria utilizado munições letais em vez de balas de borracha, configurando uma tentativa clara de eliminar vidas, denunciam lideranças.
O ataque ocorreu em um cenário já marcado por tensões envolvendo os direitos territoriais e sociais dos povos indígenas. A reivindicação central do grupo era o acesso à água, um direito humano fundamental que tem sido negado a diversas comunidades indígenas da região. Além disso, o episódio evidencia as consequências diretas da tramitação do Marco Temporal, que continua colocando em risco a segurança e a dignidade desses povos.
Nota de Esclarecimento
A manifestação, iniciada na segunda-feira (25), foi organizada pela Reserva Indígena de Dourados juntamente com as retomadas em seu entorno. O protesto, que bloqueou a rodovia MS-157, entre Dourados e Itaporã, tinha como objetivo solucionar a falta de água na Terra Indígena. No entanto, na manhã desta quarta-feira, a tropa de choque invadiu a Reserva, usando balas de borracha, armas de fogo e bombas de gás contra os manifestantes.
O resultado da operação desastrosa foi trágico: 20 pessoas ficaram feridas, incluindo lideranças religiosas, como Nhandesy e Nhanderu, além de mulheres e crianças. A nota enfatiza que os ataques estão causando sofrimento extremo aos moradores da Reserva Indígena de Dourados, com relatos de violência generalizada e repressão.
A Aldeia Jaguapiru, onde ocorreram os confrontos, segue em estado de alerta devido à continuidade das ações policiais.
Ação policial: violações e perseguições
Além do uso de força desproporcional contra manifestantes pacíficos, a APIB denuncia que lideranças estão sendo perseguidas e intimidadas. Norivaldo Mendes, coordenador executivo da APIB pela Aty Guasu, teve sua casa invadida sem mandado judicial e foi ameaçado de prisão. “A ação policial é parte de uma tentativa sistemática de desarticular as lideranças e criminalizar o movimento indígena”, afirma a entidade.
Clamor por justiça
A APIB exige uma resposta urgente da sociedade civil e das autoridades brasileiras para garantir a proteção imediata dos Guarani Kaiowá e a responsabilização pelos atos de violência. “Nossa luta é por direitos básicos e fundamentais como acesso à água, nossa luta é pela vida!”, destacou a entidade em nota oficial.
A situação em Dourados é um chamado à ação para interromper o ciclo de violência e garantir o respeito aos direitos constitucionais dos povos indígenas. Organizações de direitos humanos e movimentos sociais pedem uma mobilização nacional e internacional em solidariedade ao povo Guarani Kaiowá.
Dário Matos