Manaus (AM) – Um esquema criminoso, que explora a vulnerabilidade de jovens em busca de oportunidades no mercado de trabalho, está tirando dinheiro e sonhos de dezenas de famílias em Manaus. A fraude, disfarçada de processo seletivo para vagas de Jovem Aprendiz em empresas como Claro e Subway, envolve a venda de cursos de informática por até R$ 350,00. A denúncia partiu de um grupo de vítimas liderado por uma universitária, que reuniu provas e documentos que expõem o golpe e pediu ajuda do Portal Tucumã. A denunciante preferiu não se identificar.
O golpe da vaga fantasma
Os criminosos se passam por recrutadores do “Talentos RH”, entrando em contato com candidatos por meio de números de telefone como (92) 8139-9847. Marcam entrevistas em um endereço na Rua dos Bilhares, Torre Azul, sala 407 — local descrito como uma sala vazia, sem estrutura de recursos humanos. Durante o processo, pressionam os candidatos a adquirir um curso de informática de instituições como a “RR Consultoria e Treinamentos Empresariais”, alegando que a matrícula é obrigatória para garantir a vaga, isca do golpe.

Os valores são pagos via Pix para contas vinculadas à própria recrutadora, identificada como Roberta Rocha de Souza. As vítimas recebem certificados genéricos, sem logotipos ou dados oficiais, e declarações de matrícula com datas inconsistentes. O curso, ministrado por uma professora que nunca mostra o rosto, consiste em aulas rasas via Google Meet. Após a “conclusão”, os candidatos são informados de que passarão para uma “terceira etapa”, que nunca ocorre.
Vítimas confrontam suspeita
A jovem universitária e outras 30 vítimas do golpe descobriram que a “RR Consultoria” não possui registro no MEC e que o CNPJ usado nas transações está inativo há mais de um ano. Além disso, notaram que a voz da professora do curso é idêntica à de Roberta, a mesma mulher que se apresenta como “Rebeca” ou “Laise” nas entrevistas. Em vídeos gravados durante confrontos na sede do Talentos RH, Roberta nega envolvimento, mas as vítimas afirmam que ela fica visivelmente nervosa quando questionada.

“Ela disse que eu deveria reclamar com a empresa do curso, mas essa empresa não existe. É tudo parte do mesmo esquema”, relata a universitária, que pagou R$ 350,00 com dinheiro emprestado. Outras vítimas contaram ter vendido pertences ou contraído dívidas para custear o curso, acreditando na promessa de emprego.
Veja o vídeo
Alerta à população
O golpe aproveita-se da falta de experiência de jovens e da urgência por oportunidades em um estado com altos índices de desemprego. As vítimas recomendam desconfiar de processos seletivos que exigem pagamento antecipado, verificar a legitimidade de CNPJs no site da Receita Federal e evitar compartilhar dados pessoais com recrutadores que não revelam a empresa contratante.
A polícia foi acionada, mas até o momento não há informações sobre investigações em andamento. Enquanto isso, o grupo de vítimas segue reunindo provas e relatos nas redes sociais, na esperança de evitar que mais pessoas caiam na armadilha.