MANAUS – A política manauara teve momentos de tensão com a disputa interna na esquerda para as eleições municipais de 2024. Um dos protagonistas desse cenário é Eron Bezerra, engenheiro agrônomo, doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia e professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Bezerra, que construiu uma carreira política como deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1991-2010) e como deputado federal (2013-2016), além de ter ocupado cargos estratégicos como a Secretaria de Produção Rural (SEPROR) e a Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social (SECIS), agora se vê em uma encruzilhada dentro da esquerda manauara.
Foi pré-candidato a prefeito de Manaus pelo PCdoB, até se tornar inelegível em 8 de junho de 2016, e ter de devolver 1,135 milhão de reais aos cofres públicos, ao ser condenado em uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas.
Eron Bezerra foi anunciado como o pré-candidato do PCdoB à prefeitura de Manaus, reforçando sua posição como um dos principais nomes da ala progressista na capital amazonense. No entanto, a entrada do ex-deputado federal Marcelo Ramos no Partido dos Trabalhadores (PT), motivada por um convite direto do presidente Lula, mudou o cenário eleitoral, causando tensões e divisões dentro da federação partidária que une PT, PCdoB e PV.
A articulação que levou à pré-candidatura de Ramos foi conduzida pela liderança nacional do PT, com o apoio decisivo da presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e do ex-presidente Lula. Esse movimento gerou atritos, com trocas de críticas e acusações veladas entre Bezerra e Ramos, mesmo ambos pertencendo à mesma federação. A disputa interna reflete a dificuldade de conciliar as ambições pessoais e as estratégias políticas em um cenário onde a unidade é crucial para enfrentar a forte concorrência pelo comando da capital.
O PCdoB, por sua vez, manteve firme o nome de Eron Bezerra como seu único pré-candidato, enquanto o PV optou por não apresentar nomes para a disputa majoritária, permanecendo neutro nesse aspecto. Em meio a esse cenário, Bezerra destacou a importância de se chegar a um nome para fortalecer a candidatura da esquerda em Manaus, e enfatizou que a federação partidária adota um rigoroso critério de aprovação unânime para a escolha de seus representantes nas eleições, garantindo que a decisão final seja coesa e representativa dos interesses das três siglas.
A escolha do nome de Marcelo Ramos, agora é uma busca de unificar as forças não apenas da federação, mas a busca de uma passagem de bastaõ e um reecriação de uma esquerda amazonense, decisiva não apenas para as eleições de 2024, mas também para o futuro da esquerda no Amazonas, que busca se consolidar como uma alternativa viável em um cenário político cada vez mais polarizado. Enquanto isso, os eleitores manauaras acompanham de perto os desdobramentos dessa disputa interna, que promete influenciar significativamente os rumos da capital nos próximos anos.