‘Uma Batalha Após a Outra’: Sátira cheia de ação destaca Paul Thomas Anderson como ícone da geração

'Uma Batalha Após a Outra': Sátira cheia de ação destaca Paul Thomas Anderson como ícone da geração

Não é segredo para ninguém que a imigração é um tema central nos Estados Unidos. O presidente Donald Trump, eleito democraticamente, implementou políticas anti-imigração, incluindo a construção de um muro na fronteira com o México como barreira física. Neste cenário político complexo e polêmico, o novo filme de Paul Thomas Anderson, Uma Batalha Após a Outra, cai como uma luva.

Ao portal The Playlist, Anderson (que assina roteiro e direção do longa-metragem) disse que trabalhou nesta ideia por 20 anos, juntando conceitos que pairavam por sua cabeça por volta dos anos 2000. O resultado é um filme de ação que apresenta e satiriza perfeitamente os Estados Unidos de uma maneira nada idealizada. Aqui, o sonho americano não existe e aqueles que defendem um país homogeneizado não poderiam ser mais ridicularizados, apesar de serem, como na vida real, perigosos.

A força de Perfídia e o grupo French 75

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Uma Batalha Após a Outra começa eletrizante. Acompanhamos o grupo revolucionário French 75 em diversos ataques liderados por Perfidia (Teyana Taylor), uma mulher negra que possui a militância em seu sangue e uma determinação que é impossível não admirar; junto com ela, conhecemos Pat (Leonardo DiCaprio), o homem responsável por implantar as bombas dos ataques.

O mais interessante nessa narrativa dos dois é que os estereótipos de gênero não são perpetuados, permitindo que o símbolo de foco e força fique com Perfídia, brilhantemente interpretada por Taylor.

Perseguições, ação e trilha sonora digna de Oscar

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O ritmo do começo do filme é ditado por cenas de perseguição muito bem desenhadas, com planos que vão da primeira pessoa até os aéreos e te mantêm preso na tela. A produção ainda conta com um design de som digno de Oscar — não apenas pela trilha sonora em si, mas pela forma que ela é executada, em conjunto com os efeitos sonoros que complementam a história.

Um salto temporal que mantém a intensidade

Após a entrada impactante, o salto temporal antes da metade das 2 horas e 50 minutos totais me fez pensar se o diretor daria conta de manter essa emoção constante ao longo do filme, mas, spoiler: ele dá conta.

Com uma trama cheia de reviravoltas, chegamos a um momento mais próximo do que vivemos. Enquanto antes muitos pensamentos extremistas eram aceitos mais abertamente, aqui eles seguem existindo, mas com outra vestimenta.

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A partir daqui, a personagem Willa (Chase Infiniti) aparece e ganha a cena. O arco que tem ela como central domina o filme e une as histórias que acabaram se separando pelo salto no tempo.

Sean Penn vive antagonista inspirado na política real

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Steven J. Lockjaw, interpretado por Sean Penn e introduzido logo no começo do filme. É um antagonista que ora faz rir, ora faz passar raiva. O “rir” nesse caso não é de alegria, é pelo absurdo, que compõe muito do humor ácido deste filme. Com motivações repletas de fascismo e hipocrisia, esse personagem lembra, de forma quase caricata, muitas figuras presentes na política estadunidense e brasileira atualmente. Acompanhar a falta de evolução dele no decorrer do filme chega a ser frustrante, mas realista.

Um final que consolida a chance do Oscar 2026

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Com uma das melhores cenas de perseguição em carro já feitas no cinema, o filme se encaminha para o final com muitos pontos bem encaixados — e outros satisfatoriamente abertos. É de se pensar que Paul Thomas Anderson, cujo último trabalho havia sido Licorice Pizza (que em 2022 já lhe rendeu algumas indicações ao Oscar), alcançou o resultado perfeito que almejava depois de pensar por 20 anos nessa história.

Uma Batalha Após a Outra é um filme digno de Oscar, daqueles que é difícil sair do cinema sem recomendar para todo mundo. Com um elenco impecável, uma história de ação que equilibra política e humor sem ofender ninguém (ou pelo menos ninguém que não deva ser ofendido) e uma direção muito interessante, é difícil fugir da ideia de que esse é, sim, o filme do ano.
 

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