Sexo e exercícios físicos: entenda essa relação

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Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

Já ouviu informações sobre a relação entre sexo e exercícios? Geralmente são provenientes de relatos a partir experiências individuais. Com tantas crenças e ideias baseadas em senso comum, o que a ciência já testou e consegue concluir sobre o polêmico tema? Fazer sexo antes dos exercícios pode atrapalhar o desempenho nos treinos? E o inverso: treinar pode te dar mais vitalidade para as relações?

O boxeador Mohammad Ali se privava de sexo por até 6 semanas, objetivando manipular seu comportamento com aumento da raiva e agressividade, o que poderia favorecer no momento da luta.

Outros acreditam que fazer sexo causa desperdício de energia e indivíduos que são sexualmente menos ativos têm níveis mais altos de testosterona, enquanto alguns sugerem que o sexo antes de uma competição pode ter efeito antiansiedade e efeito relaxante, como o ex-jogador de futebol Romário. Eles acreditam que a atividade sexual pode promover relaxamento e afetar positivamente o desempenho.

Estudos realizados indicam que a atividade sexual, não atrapalha a atividade física. Estudos realizados indicam que a atividade sexual, não atrapalha a atividade física. Fonte:  Getty Images 

Para estimar o gasto calórico durante relações sexuais, pesquisadores colocaram sensores nos braços de 21 casais heterossexuais jovens no Canadá, que fizeram sexo uma vez por semana durante um mês. Para comparar com a atividade sexual, as mesmas pessoas realizaram 30 minutos de corrida em esteira.

Os resultados mostraram que as relações sexuais dos casais canadenses duraram em média 24 minutos, variando de 10 até 57 minutos entre os casais. O gasto energético médio durante a atividade sexual foi 101 kCal ou 4,2 kCal/min em homens e 69,1 kCal ou 3,1 kCal/min em mulheres. Tanto o gasto energético quanto a intensidade foram maiores no exercício em esteira do que no sexo.

Apenas 5% dos participantes da pesquisa consideraram o sexo mais extenuante do que o exercício de corrida. Em geral, fisiologicamente o sexo é considerado uma atividade de intensidade moderada.

As revisões sobre a questão sexo antes dos exercícios, confirmam que temos poucos estudos até o momento, mas que essa atividade não afeta o desempenho no exercício, se realizada dentro de 30 minutos até 24 horas antes do exercício. A capacidade aeróbia, resistência, força e potência muscular não foram prejudicadas. Não há necessidade de grandes preocupações em relação a piora no desempenho nos treinos.

A mais recente revisão sobre o tema reuniu apenas 9 estudos, envolvendo 133 pessoas. O detalhe: 99% foram homens. Isso é um reflexo do cenário da pesquisa em ciências do esporte e do exercício: os sujeitos nas pesquisas são quase sempre maioria homens. Tanto que os autores emplacam no final do artigo: as mulheres precisam ser estudadas, assim como pessoas mais velhas. Além disso, não sabemos quase nada sobre os efeitos da masturbação no desempenho no exercício físico.

Um estudo que testou homens que em uma semana fizeram sexo (e receberam um cronômetro para marcar o tempo da relação e até orientação da posição que deveriam fazer: papai e mamãe, entende por que são difíceis pesquisas no tema?) e 24 horas depois fizeram agachamentos (5 séries de 5 repetições); e na outra semana fizeram o mesmo sem a relação sexual antes do treino, mostrou que a força foi menor na semana que fizeram sexo antes do treino (eles levantaram 107 kg vs 109 kg na semana sem sexo, no agachamento). Mas essa diferença de 2 kg pode não ter uma real diferença aplicável.

A relação inversa nos interessa. Pois exercício é bom para nossa saúde sexual, tanto para homens como mulheres. Sexo e movimento (como atividade física ou exercícios) são necessidades fisiológicas humanas e provavelmente um comportamento não atrapalha o outro. Então, aproveite!

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Fábio Dominski
é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/CEFID/UDESC). É autor do livro Exercício Físico e Ciência – Fatos e Mitos, e apresenta o programa Exercício Físico e Ciência na rádio UDESC Joinville (91,9 FM); o programa também está disponível em 
podcast no Spotify.

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