Brasil – Thiago da Silva Folly, o TH da Maré, chefiava o tráfico no Complexo da Maré e era um dos criminosos mais procurados do Rio. Foragido desde 2016, ele foi morto na última terça-feira (13) durante uma operação do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) no Morro do Timbau, uma das favelas mais antigas da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.
A ação também resultou na morte de dois dos seus seguranças: Daniel Falcão dos Santos, o “Gotinha”, que já tinha mandados por tráfico e porte ilegal de arma, e outro homem identificado apenas pelos apelidos de Carlin ou Carlinhos. Com o grupo, a polícia apreendeu uma pistola.
TH era apontado como o principal líder do Terceiro Comando Puro (TCP) na Maré, uma das áreas mais estratégicas para o tráfico na cidade. Segundo as investigações, ele circulava pelas comunidades com um forte esquema de proteção: imagens de drones revelaram que até 10 homens armados faziam sua segurança pessoal.
Comando, loteamento e bailes
Aos 36 anos, Thiago da Silva Folly acumulava poder e influência dentro da facção. Além de comandar a venda de drogas, era responsável por organizar o loteamento de terrenos nas áreas dominadas pelo TCP e por coordenar os populares bailes funks, eventos usados tanto como forma de lazer quanto de controle social nas comunidades.
Atualmente, o TCP domina 11 das 16 comunidades que compõem o Complexo da Maré, uma das regiões mais violentas e disputadas do Rio.
Imagens de TH da Maré morto:

Imagens de Gotinha morto:

Histórico de violência
TH era acusado de envolvimento direto em uma série de homicídios, muitos deles de agentes de segurança pública. Um dos casos mais emblemáticos foi a morte do cabo Michel Augusto Mikami, militar do Exército lotado na Força de Pacificação da Maré. Ele foi atingido por um tiro na cabeça em novembro de 2014, enquanto atuava na comunidade. Tinha apenas 21 anos.
Dois anos depois, em agosto de 2016, outra emboscada atribuída ao traficante matou o soldado Helio Messias Andrade, da Força Nacional de Segurança. O agente foi baleado na cabeça na Vila do João, durante uma ação em que sua equipe entrou por engano na comunidade ao tentar acessar a Linha Amarela.
Em 2017, TH também foi acusado de tentativa de homicídio contra policiais civis, em uma ação na Vila dos Pinheiros, onde agentes foram atacados ao desembarcar de um blindado. Mais recentemente, em julho de 2024, ele teria ordenado o ataque que resultou na morte de dois agentes do Bope, intensificando ainda mais sua caçada pelas autoridades.
Sucessão no tráfico
Com a morte de TH da Maré, as investigações indicam que o controle das operações do TCP no complexo deve ficar sob responsabilidade de Michel de Souza Malveira, conhecido como Bill, Mangolê ou César. Ele já vinha sendo apontado como um dos braços-direitos de TH e agora deve assumir a liderança da facção na região.
A operação que resultou na morte de TH é considerada um dos golpes mais duros sofridos pelo TCP nos últimos anos, mas especialistas alertam que o vácuo de poder pode desencadear novas disputas dentro do Complexo da Maré.