Saiba quem é o vendedor de yakisoba preso por matar jovem

Saiba quem é o vendedor de yakisoba preso por matar jovem

Brasil – Por trás do balcão modesto de um trailer de yakisoba, funcionava o que parecia ser apenas mais um pequeno comércio de comida oriental no bairro do Jardim América, zona zorte do Rio. Lá, o empresário chinês Zhaohu Qiu, 35, mais conhecido como “Xau”, atraía jovens com sorrisos fáceis, convites para festas e marmitas. Mas sob a superfície, a Polícia Civil do Rio de Janeiro diz que havia um predador.

Na tarde desta segunda-feira (16), Zhaohu foi preso em São Paulo após quatro dias foragido. Ele é suspeito de um crime brutal que chocou o país: o assassinato da jovem Marcelle Júlia Araújo da Silva, de apenas 18 anos, cujo corpo, segundo as investigações, foi entregue a cães da raça pit-bull após ser esquartejado.

Marcelle desapareceu na noite de 11 de junho, depois de sair de bicicleta para encontrar o homem que dizia ser seu amigo. Ela confiava nele – como tantos outros jovens que frequentavam a casa de Zhaohu, onde festas com bebidas e drogas eram comuns. O yakisoba, o papo simpático, os convites casuais: era assim que o comerciante fisgava a confiança.

“Ele se aproximava das meninas oferecendo comida de graça e se mostrando disponível. Era uma estratégia”, disse um morador da região que pediu para não ser identificado.

No sábado (14), o corpo de Marcelle foi encontrado em estado irreconhecível, em um cenário que a família da vítima descreve como “infernal”. A jovem teria sido mantida em cárcere e morta na casa do suspeito, na Pavuna. Câmeras de segurança flagraram o empresário empurrando um carrinho de mão com um saco azul – o que a polícia acredita conter partes do corpo da vítima.

O enredo macabro não parou aí. Para se livrar do cadáver, segundo os investigadores, Zhaohu jogou a bicicleta de Marcelle em um rio e apagou os rastros digitais – o celular da jovem sumiu.

Mas o que mais chocou foi a frieza da execução: de acordo com o inquérito, ele teria deliberadamente deixado cães famintos soltos para devorar o corpo da jovem. A suspeita é que ele planejou tudo. O objetivo: eliminar provas e dificultar o trabalho da polícia.

“É o tipo de crime que exige cálculo, sangue frio e desumanidade. A crueldade está no detalhe”, afirmou um delegado da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense).

O fim da busca por Marcelle começou com um grito de desespero da cunhada da vítima, que, desconfiada do silêncio e dos sinais estranhos, invadiu a casa de Zhaohu com a ajuda de uma funcionária. Lá, encontrou os restos mutilados da jovem. Os cães ainda estavam no local.

“Foi uma cena que ninguém deveria ver. Minha cunhada saiu gritando. Até hoje ela não consegue dormir”, contou um familiar em entrevista emocionada.

Zhaohu Qiu estava em situação regular no Brasil e era conhecido no Jardim América pela venda de pratos populares. Mas, segundo vizinhos, ele levava uma vida dupla. Além das vendas, promovia festas privadas com jovens, geralmente menores de idade. A Polícia investiga se outras vítimas podem ter passado por abusos ou desaparecido nos últimos meses.

“Ele era visto sempre com garotas muito jovens, algumas nem pareciam ter 18 anos. Mas ninguém imaginava algo assim”, afirmou um vizinho.

O homem agora responderá por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e possível estupro, caso a perícia confirme suspeitas levantadas pelos investigadores.

A prisão de Zhaohu em São Paulo foi resultado de cooperação entre as polícias do Rio e da capital paulista. Um mandado de prisão temporária foi expedido pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas familiares da vítima exigem mais: “Queremos prisão perpétua, queremos justiça. Ela era só uma menina”, clamou a mãe de Marcelle.

Enquanto isso, moradores da Pavuna e do Jardim América lidam com o trauma e o medo de quem viu o mal tão de perto, escondido atrás de um prato de yakisoba.

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