Mundo – Na madrugada desta quinta-feira (21), a Rússia realizou um ataque contra uma fábrica militar em Dnipro, na Ucrânia, utilizando o misterioso míssil balístico Orechnik, projetado para cenários de guerra nuclear. O presidente Vladimir Putin confirmou a ação em pronunciamento televisionado, enfatizando a resposta a ações recentes dos Estados Unidos e seus aliados.
“Uma resposta decisiva”
Putin declarou que o ataque com o sistema Orechnik foi uma reação direta aos planos americanos de produção de mísseis de alcance intermediário. “A Rússia responderá de forma decisiva e simétrica a qualquer escalada”, afirmou o presidente.
Imagens do ataque mostram múltiplas ogivas sendo lançadas simultaneamente, atingindo a fábrica Iujmach. O uso de munição cinética em vez de explosivos convencionais reforça a natureza experimental da arma. Especialistas indicam que o míssil, que pode ser uma versão do RS-26 Rubej, é capaz de carregar ogivas nucleares ou convencionais, sugerindo uma demonstração de força mais simbólica do que destrutiva.
Reações na Ucrânia e no Ocidente
O presidente ucraniano Volodimir Zelenski afirmou que o ataque caracteriza o uso de um míssil balístico intercontinental (ICBM), mas investigações da Força Aérea do país ainda avaliam se a arma empregada seria um IRBM (míssil de alcance intermediário).
Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, evitou comentar diretamente o ataque em uma coletiva, aumentando as especulações sobre a arma. Analistas russos e internacionais, incluindo Pavel Podvig, destacaram a seriedade do incidente, sugerindo que o Kremlin busca reforçar sua posição diante do Ocidente.
Contexto de escalada
O ataque ocorre em meio a um aumento das tensões militares entre Rússia e Ucrânia, especialmente após os Estados Unidos autorizarem o uso de mísseis de maior alcance por Kiev, que, na terça-feira (19), promoveu ataques contra alvos dentro do território russo.
A nova doutrina nuclear russa, revisada recentemente, amplia as condições para o uso de armas atômicas, incluindo retaliações contra aliados de países que realizem ataques convencionais contra Moscou.
Impactos geopolíticos
Além de Dnipro, outros alvos na Ucrânia foram atingidos por mísseis hipersônicos e de cruzeiro. Enquanto isso, a Polônia, que inaugurou recentemente uma base de defesa antimísseis do sistema Aegis Ashore, foi diretamente criticada pelo governo russo. Moscou considera que instalações como a de Redzikowo “aumentam o risco nuclear”, embora Varsóvia tenha negado qualquer ameaça desse tipo.
O ataque com o Orechnik representa um divisor de águas na guerra, demonstrando a capacidade da Rússia de introduzir novas tecnologias militares em campo e reforçando as tensões nucleares globais. Com as provocações de ambos os lados, o conflito caminha para um momento de maior imprevisibilidade.