Quem é William Rogatto, o ‘Rei do Rebaixamento’, preso em Dubai

Quem é William Rogatto, o ‘Rei do Rebaixamento’, preso em Dubai

Brasil – O empresário Rogatto, envolvido em um extenso esquema de manipulação de resultados de jogos, declarou ter rebaixado 42 clubes ao longo de sua carreira, acumulando cerca de R$ 300 milhões com atividades fraudulentas. O depoimento foi feito à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas no Senado, onde ele detalhou seu “modus operandi” e expôs o alcance de suas operações, que envolvem atletas, árbitros, dirigentes e patrocinadores de clubes.

Rogatto revelou que sua atuação no mercado de manipulação começou aos 19 anos, após uma viagem a Las Vegas, quando percebeu o potencial de lucro nas apostas esportivas. Justificando suas ações como uma “brecha no sistema esportivo”, ele apontou que seu esquema é superado apenas pela política e pelo tráfico de drogas em termos de valores movimentados.

Com operações em todos os estados brasileiros e em nove países, Rogatto explicou que seu foco eram clubes em dificuldades financeiras. Ele se aproximava das administrações prometendo apoio financeiro em troca de controle sobre os resultados dos jogos. “Meu método é simples: ofereço suporte a um clube endividado e garanto resultados que os favoreçam ou desfavoreçam, dependendo da aposta”, afirmou. Segundo ele, essa prática o levou a construir uma “máquina de manipulação esportiva” que, com o tempo, se tornou lucrativa e poderosa.

Em seu depoimento, o empresário alegou que as relações entre clubes e patrocinadores de apostas facilitam o esquema. “Quando uma ‘bet’ patrocina o clube, o jogador automaticamente vira uma aposta. Isso transforma o campo de jogo em um ambiente vulnerável, onde os resultados podem ser ajustados por quem paga mais”, declarou Rogatto, explicando que os valores oferecidos a atletas e árbitros ultrapassavam significativamente seus salários.

Rogatto admitiu também que, embora seu papel tenha sido significativo, o esquema vai muito além de sua atuação. “Os grandes nunca vão cair. Isso existe há mais de 40 anos e é alimentado por pessoas de dentro da CBF, de dentro das federações. Eu tenho provas, vídeos, mas sei que isso não vai acabar. O futebol brasileiro é um sistema, e quem quer entrar tem que conhecer gente. Eu sempre procurei as secretarias de Esporte, entrava em contato com vereadores, prefeitos”, revelou, expondo o envolvimento de políticos e gestores públicos no esquema.

O depoimento de Rogatto causou impacto na CPI, evidenciando as fragilidades no sistema de apostas e a urgência em regulamentar e fiscalizar o setor esportivo. Contudo, a complexidade e o alcance do esquema indicam que o combate a essas práticas exigirá investigações profundas e ações estruturais para evitar que novas redes de manipulação comprometam o esporte brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *