Preço do café deve subir até 15% nos supermercados nas próximas semanas, prevê Abic

Preço do café deve subir até 15% nos supermercados nas próximas semanas, prevê Abic

São Paulo (SP) – Os consumidores brasileiros devem sentir no bolso, a partir da próxima semana, o reflexo da alta internacional do café. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), os preços nas prateleiras dos supermercados podem subir entre 10% e 15%.

O reajuste, já comunicado ao varejo, é consequência da elevação nos custos de compra da matéria-prima pela indústria.

Em coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (24), o presidente da Abic, Pavel Cardoso, afirmou que o ajuste não deve ultrapassar a média anual do produto.

O diretor executivo da entidade, Celírio Inácio da Silva, detalhou que, como as compras do varejo tiveram início apenas a partir de 15 de setembro, o repasse total do aumento deve chegar aos consumidores entre a próxima semana e o início de outubro.

Queda nas vendas e altas acumuladas

A forte valorização do café ao longo do ano, o preço médio do café tradicional subiu 48,57% em 12 meses, atingindo R$ 62,83 o quilo em agosto.

Dados da Abic mostram que as vendas acumularam queda de 5,41% entre janeiro e agosto de 2025, na comparação com igual período de 2024. O volume comercializado recuou de 10,11 milhões para 9,56 milhões de sacas.

O café solúvel foi a categoria com o maior aumento no período, com alta de 50,59%, chegando a R$ 252,36 o quilo. Apesar da retração, Pavel Cardoso projeta uma recuperação.

“Os dados preliminares de setembro indicam aumento do consumo, o que nos leva a crer que possivelmente vamos fechar o ano de 2025 com números muito parecidos com 2024”, afirmou.

Queda recente nos preços atacadistas

Paralelamente à perspectiva de alta para o consumidor final, o mercado atacadista registrou uma baixa significativa na última semana.

Estudo do Cepea/Esalq mostrou que, de 15 a 22 de setembro, o preço do café arábica tipo 6 recuou 10,2% em São Paulo, e o robusta caiu 11,1%.

A redução foi atribuída a expectativas de chuvas nas regiões produtoras, realização de lucros por investidores após fortes altas e à possibilidade de eliminação das tarifas americanas.

A Abic avalia que, a curto prazo, os preços devem se manter estáveis até que haja novas notícias sobre o clima na safra 2026, que tem previsão de ser recorde.

A entidade ressalta, porém, que mesmo uma supersafra no próximo ano não será suficiente para recompor os estoques globais de café de imediato.

“A gente precisava de mais três safras muito boas para que o estoque fosse recomposto”, ponderou Celírio Silva.

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