Brasil – O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini foi preso na manhã deste domingo (31) pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ). Ele foi flagrado disparando contra o entregador Valério Júnior, na noite de sexta-feira (29), em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
A captura ocorreu após o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) decretar a prisão temporária. Além da detenção, Ferrarini foi afastado de suas funções pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que também instaurou um processo administrativo disciplinar. A pasta classificou a conduta do agente como “repugnante” e afirmou que o episódio não representa o comportamento da maioria dos policiais penais do estado.
Segundo a investigação conduzida pela 32ª DP (Taquara), o crime ocorreu após uma discussão no portão do condomínio onde o policial mora. De acordo com relatos e registros em vídeo, Valério Júnior solicitou que o policial buscasse o pedido na portaria, como prevê a recomendação das plataformas de delivery. Ferrarini, no entanto, exigiu que o entregador subisse até o apartamento. Após descer, iniciou uma discussão, gravada pelo motoboy, e atirou no pé direito da vítima.
Nas imagens, é possível ouvir a reação do entregador e a resposta do policial. Mesmo ferido, Valério pediu ajuda a vizinhos. O Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro (CBMRJ) prestou os primeiros socorros, e o policial retornou para sua residência logo após o disparo.
A PCERJ indiciou Ferrarini por tentativa de homicídio qualificado.
O que diz o iFood
Em nota, o iFood repudiou o episódio e destacou que os entregadores não são obrigados a subir até os apartamentos. A empresa informou ainda que mantém uma campanha para conscientizar os clientes a buscarem seus pedidos na portaria.
Leia a íntegra:
“O iFood não tolera qualquer tipo de violência contra entregadores parceiros e lamenta muito o acontecido com o entregador Valério de Souza Junior. A empresa conta com uma política de combate à discriminação e à violência para oferecer a todos um ambiente ético, seguro e livre de qualquer forma de violação de direitos. Quando as regras são descumpridas, são aplicadas sanções que podem ir desde advertências até o banimento da plataforma.
O iFood esclarece também que a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio. Essa é a recomendação passada aos entregadores e aos consumidores. Em 2024, a empresa lançou no Rio de Janeiro a campanha Bora Descer, que tem o objetivo de incentivar os clientes a irem até a portaria de seus condomínios para receber os pedidos de delivery, como forma de respeito aos entregadores.
O iFood vai disponibilizar ao entregador Valério os serviços da Central de Apoio Jurídico e Psicológico, oferecido em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional ao parceiro. A empresa está à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário.