O que é o Ciclo de Saros e como ele prevê os eclipses? A ciência responde!

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O fenômeno astronômico conhecido como Ciclo de Saros foi observado pelos astrônomos da Babilônia há milhares de anos — é dito que a descoberta aconteceu antes mesmo do nascimento de Jesus Cristo. Se trata de um fenômeno complexo que explica um pouco mais sobre a periodicidade dos eclipses solares e lunares que se repetem em um ciclo recorrente, revelado a partir da observação do céu pelos povos antigos.

O ciclo envolve o movimento relativo da Terra, da Lua e do Sol, e a cada vez que ele acontece, os eclipses solares e lunares apresentam localização e características semelhantes. Até existem algumas pequenas mudanças, mas no geral, é possível estudar o próximo ciclo com base nas informações do anterior.

“Quaisquer dois eclipses separados por um ciclo de Saros compartilham geometrias muito semelhantes. Eles ocorrem no mesmo nodo da Lua, quase à mesma distância da Terra e na mesma época do ano. Como o período de Saros não é igual a um número inteiro de dias, a sua maior desvantagem é que os eclipses subsequentes são visíveis em diferentes partes do globo”, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) descreve em uma página sobre eclipses.

Para explicar um pouco mais sobre o que é o Ciclo de Saros e como ele prevê os eclipses, reunimos informações de especialistas e cientistas da área. Confira!

Ciclo de Saros e os eclipses

Em uma publicação oficial, a NASA explica que o Ciclo de Saros é um período de aproximadamente 6.585,3 dias, ou 18 anos, 11 dias e 8 horas (223 meses sinódicos) — um mês sinódico é o período de uma lua nova até a próxima lua, ou aproximadamente 29,5 dias. Os eclipses separados por esse período costumam compartilhar geometrias muito semelhantes, porém, ainda podem haver algumas pequenas diferenças.

O Ciclo de Saros acontece quando a Terra, o Sol e a Lua se movimentam e retornam para praticamente as mesmas posições em relação uns aos outros, assim, os eclipses solares e lunares se repetem. Por exemplo, se for observado hoje, aproximadamente daqui a 6.585,3 dias também ocorrerá um eclipse semelhante.

Três semelhanças entre os eclipses no Ciclo de Saros

  • Os eclipses ocorrem quase na mesma distância em relação à Terra;
  • Também acontecem na mesma época do ano;
  • Comumente, aparecem com as mesmas características, no mesmo nodo da órbita da Lua.

Como o período não ocorre exatamente em um período igual de dias, os eclipses seguintes ao Ciclo de Saros são visíveis em diferentes regiões do mundo. Além disso, ele não dura indefinidamente porque os três meses lunares não são exatamente proporcionais entre si.

Apesar de suas diferenças, os astrônomos podem usar o Ciclo de Saros para prever a localização dos eclipses com uma precisão razoável. Ou seja, se um eclipse solar foi observado em uma certa região do planeta, é possível que o próximo seja em um local geográfico semelhante do anterior.

Os eclipses em 1999 (acima) e 2017 (abaixo), separados por um Ciclo de Saros, apresentam diversas semelhanças; por exemplo, eles têm uma formação quase idêntica.Os eclipses em 1999 (acima) e 2017 (abaixo), separados por um Ciclo de Saros, apresentam diversas semelhanças; por exemplo, eles têm uma formação quase idêntica.Fonte:  Time and Date 

A primeira parte do mapa acima apresenta o eclipse solar total que aconteceu próximo da Europa no dia 11 de agosto de 1999; na parte de baixo, o mapa apresenta um eclipse que ocorreu no dia 21 de agosto de 2017 na América do Norte. Ou seja, aproximadamente 6,585 dias depois do evento de 1999, ocorreu outro quase idêntico.

De qualquer forma, existem algumas diferenças perceptíveis na imagem; primeiro, o eclipse solar de 2017 foi deslocado para um terço do seu caminho original; a segunda diferença é que ele ocorreu muito mais ao Sul do que o fenômeno de 1999.

“Como as posições relativas dos corpos são ligeiramente alteradas após cada saros, um ciclo de eclipse termina após uma série de saroses. Uma série saros dura entre 1.226 e 1.550 anos e compreende de 69 a 87 eclipses. Quando uma série termina, outra nasce. Em média, 42 séries correm em paralelo num determinado momento”, é descrito em uma página da enciclopédia Britannica.

É importante destacar que o período era muito mais utilizado pelos antigos astrônomos, pois na época não existiam ferramentas tecnológicas que poderiam auxiliá-los. Não há detalhes sobre o astrônomo que fez a descoberta ou a data exata da primeira observação do ciclo. Aí fica a questão: como os babilônios conseguiram detectar o fenômeno astronômico sem o uso de nenhuma tecnologia moderna?

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