O que aconteceria se você tocasse um superfluido quântico?

Imagem de: Dia Nacional da Língua Portuguesa: 7 apps para aprender português

Um estudo recente finalmente revelou como seria tocar em um superfluido quântico. Realizado por pesquisadores da Universidade de Lancaster, na Inglaterra, o experimento usou uma sonda especial, do tamanho e formato de um dedo, para obter os resultados.

Ela foi mergulhada em um isótopo de hélio resfriado à uma temperatura próxima do zero absoluto, o que possibilitou aos cientistas registrar as propriedades ali contidas. Essa foi a primeira vez em que um contato com o universo quântico foi possível. E a melhor parte é que não foi preciso que seres humanos corressem riscos durante o processo de pesquisa, já que a sonda foi capaz de realizar o trabalho.

“Estas condições experimentais são extremas e fazem uso de técnicas complicadas, mas agora posso lhes dizer como seria se pudéssemos colocar a mão neste sistema quântico. Ninguém foi capaz de responder a esta pergunta durante os 100 anos de história da física quântica. Mostramos agora que, pelo menos no hélio-3 superfluido, esta questão pode ser respondida”, afirmou  o físico Samuli Autti, que liderou o experimento na Universidade de Lancaster.

Hélio 3 superfluido se assemelha a um líquido transparente. Fonte: (AlfredLeitner/Wikimedia Commons, domínio público)Hélio 3 superfluido se assemelha a um líquido transparente. Fonte: (AlfredLeitner/Wikimedia Commons, domínio público)Fonte:  Wikimedia Commons 

Embora ninguém tenha tocado de fato o material, os registros da sonda foram capazes de transmitir informações importantes para que os pesquisadores pudessem entender como seria a sensação para um ser humano. O professor Autti explica que, “Este líquido teria uma sensação bidimensional se você pudesse enfiar o dedo nele. A maior parte do superfluido parece vazia, enquanto o calor flui em um subsistema bidimensional ao longo das bordas da massa, ou em outras palavras, ao longo do seu dedo”.

Sem dúvidas, seria uma sensação bastante esquisita. Em um primeiro momento, a superfície do fluido parece formar uma camada bidimensional independente que transporta o calor para longe. Abaixo disso, a maior parte do material age como um vácuo, ou seja, de forma passiva, dando a sensação de que não há nada por ali.

Isso significa que “o grosso” do fluido não foi capaz de interagir com a sonda, apenas a superfície. Por isso, os cientistas acreditam essa área só se torna acessível se for atingida por uma grande emissão de energia.  O artigo relativo ao experimento deve ser publicado na revista Nature, mas já está disponível aqui.

O que é um superfluido?

Superfluidos são um estado da matéria em que o líquido deixa de ter qualquer tipo de viscosidade ou atrito. Ele ocorre ao resfriar um isótopo, no caso o hélio, a uma temperatura pouco acima do zero absoluto (-273,15 graus Celsius).

Atualmente, é possível criar um superfluido a partir do hélio-3 e hélio-4. Porém, o primeiro é reconhecido como o mais puro entre os superfluidos, e configura um objeto de grande relevância científica. “Essa pesquisa pode mudar completamente a forma como vemos a ciência quântica”, finalizou Samuli Autti.

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