Maduro espera resposta de Lula sobre veto à entrada no BRICS

Lula afirma que Venezuela tem "viés autoritário"

BRASIL – O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (28) que aguardará um posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o veto brasileiro à entrada da Venezuela no BRICS. A declaração foi dada durante seu programa semanal de televisão, conforme noticiado pela Agência France-Presse (AFP).

“Prefiro esperar que Lula observe, esteja bem informado sobre os acontecimentos, e que ele, como chefe de Estado, em seu momento, diga o que tem que dizer”, comentou Maduro. O presidente venezuelano evitou criticar diretamente Lula e apontou seu descontentamento principalmente com a atuação do Itamaraty.

De acordo com Maduro, o Itamaraty tem uma postura de “poder dentro do poder”, referindo-se à longa relação do órgão diplomático com o Departamento de Estado dos Estados Unidos e sua postura crítica em relação à Venezuela. “Sempre conspirou contra a Venezuela. É uma chancelaria muito ligada ao Departamento de Estado americano, desde a época do golpe de Estado contra João Goulart”, afirmou.

A relação entre Lula e Maduro, anteriormente caracterizada por proximidade política, está distante desde a reeleição de Maduro em julho, que foi alvo de questionamentos da oposição venezuelana e de críticas internacionais. O ex-chanceler brasileiro e atual assessor especial da Presidência, Celso Amorim, comentou que o veto à entrada da Venezuela no BRICS reflete uma “quebra de confiança” com o governo venezuelano, de acordo com uma entrevista ao jornal O Globo.

No último sábado (26), o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, colocou em dúvida a justificativa oficial para a ausência de Lula na recente reunião do bloco, sugerindo que o acidente doméstico que o afastou poderia ser um “álibi”. Maduro evitou se aprofundar no tema, indicando que caberia aos médicos e ao próprio presidente Lula esclarecer o ocorrido.

Em nota oficial, o governo venezuelano criticou o veto brasileiro e afirmou que o Itamaraty reproduz “o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder ocidentais”. Maduro reforçou que a Venezuela continuará com esforços independentes de qualquer apoio externo: “Devemos esperar resultados dos nossos próprios esforços, nunca depender de ninguém. Não dependemos do Brasil para nada, nem de ninguém”, declarou.

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