Javier Milei – libertador da Argentina ou só mais um ‘excêntrico’ da política?

Javier Milei - libertador da Argentina ou só mais um 'excêntrico' da política?

Mundo – Um novo personagem surge na América Latina: Javier Milei. Mas um nome já conhecido no meio econômico. O economista Milei é candidato à presidência na Argentina e venceu as primárias no último domingo (13) com 30% dos votos, em contraste com a coalizão oposicionista Juntos pela Mudança de Patricia Bullrich (28%) e a governista União pela Pátria de Sergio Massa (27%). Ele se autointitula anarcocapitalista e libertário, defendendo uma liberdade total, seja ela econômica ou moral. Entretanto, a problemática emerge em suas propostas que chegam a beirar o absurdo: eliminar quase por completo a presença do Estado na vida das pessoas, abrindo um espaço para a adoção do peso ou do dólar; para a posse e comércio de armas; para casamentos entre pessoas do mesmo sexo e até para a venda de órgãos humanos.
A América Latina, mas especialmente Brasil e Argentina, apresenta personagens ‘excêntricos’ na política. Aqueles que diziam não serem corruptos, acabando na malha funda da corrupção, economistas consumidos pela falta total de falta de esperança e até negociadores de joias como se fossem contrabandistas amadores. Uma trama que nem Gabriel García Márquez poderia criar em todo seu ‘realismo fantástico’.
Para enfrentar a gigantesca inflação de 115% ao ano e um dólar que disparou a 800 pesos, Milei quer dolarizar a economia e abolir o Banco Central. Essas ideais da esfera economônica são detalhadas no livro intitulado “El fin de la Inflacion”, lançado neste ano. Para Javier, o grande culpado pela inflação na Argentina é o Banco Central Argentino que imprime a moeda sem parar. Com intuito de frear esse problema, por meio de uma atitude avaliada como ‘extrema’ por muitos críticos de suas ideias, ele planeja cortar laços com a China (segundo sócio-comercial com o Brasil) e abandonar o Mercosul. Analistas dizem que isso poderia ser uma ‘tragédia’ macroeconômica, mas Milei não vê bem assim. Para ele, o país poderia fazer negócios com, na avaliação dele, o ‘lado civilizado da vida’ – o Ocidente. Ele parece não se importar nada com a segunda maior potência mundial e prefere não fazer negócios com ‘comunistas’, segundo ele, e por conta de sua ‘moral’ não deixar o mesmo fazê-lo. Ele critica a classe política instalada, mas oferece soluções como a redução de impostos e reformas fiscais, trabalhistas e previdenciárias.
Apesar de suas ideias avaliadas como ‘extremas’, Javier tem a maior aprovação entre os candidatos para a Casa Rosada. O ‘libertário’ é visto de forma positiva por 44,5% dos eleitores, contra 45,6% de avaliações negativas, além de 10% que não souberam opinar. O pleito está marcado para 22 de outubro deste ano.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou durante entrevista na última quinta-feira (17), que o momento atual ‘não é fácil’ para Milei implementar seu plano econômico. Campos Neto avalia Javier como um ‘libertário puro’, que ‘comove as pessoas’. Porém, sua proposta de dolarização é de ‘difícil execução’.
“Ele transformou esse grau de liberdade [do Banco Central], que é uma coisa boa, em culpado pelo problema atual. […] Ele jogou o jogo inverso”, declarou o presidente do BC.
Um país que já foi a a sexta maior economia do mundo, com um PIB per capita superior ao da França ou Alemanha, há cerca de 50 anos vive uma decadência, sendo sua economia apenas um terço da brasileira.
Não é fácil dizer se as ideias de Milei emplacarão uma vitória histórica. Porém ‘El Loco’, apelido recebido quando atuava como goleiro em 1980, tem chamado a atenção da imprensa mundial por sua ‘loucura’, que segundo ele, é positiva. Só o tempo para dizer se Javier Milei irá ‘salvar’ a Argentina ou será apenas mais um ‘excêntrico’ da política.

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