Manaus (AM) – Na última terça-feira (24), aniversário da cidade de Manaus, o historiador Otoni Mesquita, junto a um grupo de amigos, visitou o sítio arqueológico das Lajes e causou repercussão nas redes sociais por conta da sua passagem. A polêmica iniciou por conta das pinturas que Otoni fez em cima das gravuras rupestres milenares.
Na postagem da professora Gisella Braga, é possível observar o historiador aplicando uma espécie de tinta branca nas carinhas, que são consideradas patrimônio histórico do Estado.

A foto gerou questionamentos e críticas por parte dos internautas, chamando também a atenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que alertou sobre as intervenções no local.
Em nota, o historiador veio a público para explicar sobre a tinta que usou no momento da foto. “É inteiramente natural, sem aglutinante ou qualquer outro produto que possa intervir e agredir a obra. Assim, o caulim foi depositado no interior das incisões do desenho e logo depois foi imediatamente retirado com a água do próprio rio negro, após eu ter feito o registro fotográfico”, disse.
Otoni comentou ainda que usou o material apenas para realçar os traços das pinturas, dizendo que “o método é usado há décadas por pesquisadores e que não afeta ou prejudica a originalidade da obra”.
“Em momento algum pretendi agredir a obra ou gerir a memória de nossa ancestralidade. Peço minhas sinceras desculpas àqueles que, por alguma razão, se sentiram ofendidos com a adoção do meu método de investigação, que está dentro dos pressupostos de formação acadêmica. Agradeço a todos aqueles que foram capazes de ouvir e compreender o fato, e reitero minha justificativa, com o presente esclarecimento”, finalizou.
IPHAN
Diante da repercussão do caso, o Iphan divulgou uma nota na noite de quarta-feira (25), informando que tem realizado fiscalizações no perímetro em que está localizado o sítio arqueológico das Lajes.
“O Iphan procurou os órgãos competentes para evitar possíveis danos aos bens arqueológicos, especialmente a Polícia Federal, o Batalhão de Polícia Ambiental e a Secretaria Municipal de Segurança Pública. Esta, por sua vez, deverá realizar patrulhas de modo a impedir qualquer dano ao Patrimônio Cultural brasileiro”, informou.
Ainda de acordo com a instituição, as pessoas que tem interesse nas pesquisas de campo, precisam enviar um projeto arqueológico ao Iphan, que vai avaliar o pedido. “Só então, editará portaria de autorização. Assim, qualquer pesquisa interventiva realizada sem autorização do Iphan é ilegal e passível de punição nos temos da lei”, enfatizou o órgão.