Brasil – O Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) contratou o escritório do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, quatro meses antes de se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) por suspeita de fraudes no INSS. O contrato, firmado em dezembro de 2023, previa o pagamento de R$ 200 mil mensais, sendo R$ 50 mil direcionados ao escritório de Enrique.
Deflagrada na última quarta-feira (23), a operação investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias, com suspeita de desvio de até R$ 6,3 bilhões. O Cebap, uma das entidades alvo da investigação, teve sua sede em São Paulo revistada pela polícia.
De acordo com documentos obtidos pela imprensa, o escritório de Enrique Lewandowski foi contratado para atuar junto a órgãos federais, como a Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o próprio INSS. O objetivo seria preservar um acordo que permitia descontos automáticos nas aposentadorias de filiados ao Cebap.
Em nota, a assessoria do ministro Ricardo Lewandowski afirmou que o escritório do filho “não atuou e não atua” no Ministério da Justiça. Enrique também se manifestou, dizendo que o contrato era apenas para serviços na área administrativa e que não havia relação com processos criminais.
Após a operação da PF, o Ministério da Previdência suspendeu todos os acordos de cooperação com entidades como o Cebap e prometeu devolver os valores descontados indevidamente dos aposentados.
Enquanto isso, a investigação segue para apurar se houve uso de influência política no esquema e qual o nível de envolvimento de Lewandowski e os demais contratados pelo Cebap. O caso já gerou repercussão nacional, especialmente pela ligação familiar com o ministro da Justiça.