Brasil – A médica Aline Souza, filha do renomado hematologista José Roberto de Souza, divulgou um vídeo nesta semana esclarecendo que seu pai nunca trabalhou na clínica mencionada no falso laudo divulgado pelo candidato Pablo Marçal (PRTB). O laudo forjado foi usado para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de cocaína, no que a médica classificou como uma atitude “absurda” dentro da campanha eleitoral.
No vídeo, Aline Souza explicou que o nome e o CRM de seu pai foram usados indevidamente por Marçal. “Aconteceu uma coisa um tanto quanto absurda no meio dessas campanhas políticas. Não sei o por que e em qual contexto foi usado o nome e o CRM [registro profissional] do meu pai pelo Pablo Marçal. A questão é muito grave, não sei até que ponto e por que usar a identidade de uma pessoa que nem está aqui”, declarou, visivelmente indignada.
A médica fez questão de destacar que seu pai, que faleceu em 2022 devido à Covid-19, jamais trabalhou na clínica mencionada no falso laudo. “Quero esclarecer aqui que o meu pai jamais trabalhou nesta clínica que foi divulgada”, afirmou Aline, deixando claro que as informações publicadas por Marçal são completamente falsas.
Carla Maria de Oliveira e Souza, outra filha do médico, reforçou a denúncia, afirmando que a assinatura no documento forjado também não pertence ao seu pai. Segundo o jornal O Globo, José Roberto de Souza era hematologista e atuava em Campinas, sem jamais ter prestado atendimento em São Paulo, onde o laudo alega que ele teria atendido Guilherme Boulos.
O vídeo de Aline Souza surge em meio a uma crescente onda de evidências que confirmam que o laudo divulgado por Pablo Marçal é falso. Guilherme Boulos, candidato do PSOL e deputado federal, entrou com um pedido de prisão de Marçal, acusando-o de falsificação de documento. A informação foi antecipada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
O laudo falsificado, atribuído à clínica Mais Consulta, afirmava que Boulos teria sido atendido em janeiro de 2021 em um surto psicótico, na unidade do Jabaquara, zona sul de São Paulo. O documento alegava ainda que um acompanhante teria apresentado um exame toxicológico que apontava a presença de cocaína no sangue do candidato.
Neste sábado (5), o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, decretou que o laudo é falso e concedeu uma liminar determinando a remoção imediata de vídeos publicados nas redes sociais que mencionam o documento, incluindo postagens no Instagram, TikTok e YouTube.
Segundo o juiz, “há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do feito”.
A decisão judicial e os depoimentos das filhas de José Roberto de Souza reforçam a gravidade do caso, destacando o uso de falsificações para manipular a opinião pública às vésperas das eleições municipais de 2024.