Clair Obscur: Expedition 33, da Sandfall Interactive, causou uma grande impressão quando foi lançado no fim de abril. Além da aclamação da crítica, o game conquistou um pico com mais de 145 mil jogadores simultâneos na Steam e vendeu mais de 1 milhão de cópias em apenas três dias. No entanto, o que mais chama a atenção é a forma como o time de desenvolvimento foi montado pelo estúdio.
O diretor do projeto, Guillaume Broche, revelou à BBC que criou Clair Obscur: Expedition 33 após deixar a Ubisoft por “tédio” e vontade de tentar algo novo. No entanto, a formação da equipe, que teve cerca de 30 pessoas, contou com métodos pouco convencionais de contratação.
Antes mesmo de obter financiamento, Broche recrutou desenvolvedores por meio de fóruns e sites como Reddit e Soundcloud. A roteirista e dubladora Jennifer Svedberg-Yen, por exemplo, nunca havia trabalhado com jogos e entrou no projeto após enviar uma demonstração de voz apenas por curiosidade — ela achou que parecia uma ideia divertida e decidiu se arriscar.
“Eu pensei: ‘Nunca fiz isso, parece legal’, então mandei um teste para ele”, explicou Svedberg-Yen à BBC. Uma coisa levou à outra, e ela acabou se tornando a roteirista principal de uma história que é, em grande parte, elogiada pela força da sua narrativa central.
Já Lorien Testard, o compositor da Expedition 33, foi recrutado por Broche graças a interações nos comentários do Soundcloud. O músico disse que foi uma “sorte imensa” ter sido escolhido para o projeto — considerando o fato de as pessoas estarem em confinamento na época e quererem novas saídas criativas.
Boa parte da equipe de Clair Obscur é composta por novatos
Além disso, grande parte da equipe de desenvolvimento de Clair Obscur: Expedition 33 era composta por profissionais juniores ou sem experiência prévia na indústria. Mesmo assim, o projeto chamou atenção pela narrativa, trilha sonora e estilo visual.
“Acho que temos uma equipe incrível, formada principalmente por pessoas mais jovens, mas elas estão incrivelmente envolvidas no projeto e são talentosas”, disse o diretor. “De alguma forma funcionou, o que ainda não faz sentido para mim depois de todos esses anos”.
A Sandfall Interactive, estúdio fundado por Broche, nasceu com um simples post de blog e hoje colhe os frutos de uma produção muito bem-sucedida. Apesar do caminho improvável, a dedicação da equipe fez com que o jogo superasse expectativas e se tornasse um fenômeno inesperado da indústria.
Bem, com GTA 6 fora do páreo, Clair Obscur tornou-se um dos fortes candidatos ao caneco de Jogo do Ano ao lado de Split Fiction, Monster Hunter Wilds e Kingdom Come: Deliverance 2.
Clair Obscur: Expedition 33 levaria “25 anos” para ficar pronto em uma grande empresa
Em outra entrevista, desta vez ao canal Pouce Café, o diretor de Clair Obscur também menciona que, como o jogo é uma propriedade intelectual original, haveria bastante resistência por parte da burocracia que geralmente existe em empresas maiores como a Ubisoft — onde atuou como gerente de desenvolvimento de marca e líder narrativo por muitos anos.
“Sim, muito claramente. Projetos como esses, com novas propriedades intelectuais, histórias originais, personagens completamente originais, são extremamente difíceis de implementar em uma grande empresa”, disse Broche. “Há muitas etapas de aprovação e, em geral, em grandes estruturas, você já precisa ter provado seu valor e estar em uma posição bem alta na hierarquia só para ter a chance de lançar esse tipo de projeto”.
“Então, sim, para mim, um projeto como este levaria 25 anos para ser feito em uma grande empresa”, continuou o diretor. “E eu não tenho tanta paciência assim. Também queríamos fazer as coisas do nosso jeito e realmente criar uma atmosfera. É isso o que este jogo é: criar uma vibe”.
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