BRASIL – O preço do ovo no atacado registrou um aumento superior a 40% em fevereiro de 2025, segundo o Cepea (Esalq/USP). A alta é impulsionada por fatores como o custo do milho, o calor intenso e a demanda aquecida durante a Quaresma, período em que muitos consumidores substituem a carne vermelha por ovos.
Em Santa Maria de Jetibá (ES), um dos principais polos produtores do país, a caixa de 30 dúzias de ovos vermelhos chegou a R$ 276,54, um aumento de 43% em relação ao mesmo período de 2024. O presidente Lula comentou sobre o cenário, classificando o preço como “um absurdo” e sugerindo reuniões com atacadistas para buscar soluções.
Principais motivos da alta:
- Custo do milho: Principal componente da ração das galinhas, o milho teve alta de 30% desde julho de 2024.
- Calor intenso: As temperaturas recordes impactam a produtividade das aves.
- Demanda na Quaresma: Período em que o consumo de ovos aumenta devido à redução do consumo de carne vermelha.
- Preço das carnes: Com a alta de proteínas como carne bovina, frango e suína, o ovo se torna uma alternativa mais acessível.
Perspectivas para o mercado
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) espera que os preços se normalizem após a Quaresma. No entanto, economistas alertam que a forte demanda pode persistir, especialmente se os preços das carnes continuarem elevados.
Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, destaca que o comportamento do mercado de carnes será decisivo: “Se os preços das proteínas concorrentes seguirem altos, o mercado de ovos pode permanecer inflacionado mesmo após a Quaresma”.
Consumo em alta
O consumo de ovos no Brasil tem crescido significativamente:
- 2023: 242 ovos por pessoa.
- 2024: 269 ovos por pessoa (+11,2%).
- Projeção para 2025: 272 ovos por pessoa.
Segundo Tabatha Lacerda, do Instituto Ovos Brasil (IOB), o ovo deixou de ser apenas um acompanhamento e se consolidou como uma proteína básica na dieta dos brasileiros.
Exportações
Apesar do aumento nas vendas externas, impulsionado pela gripe aviária nos EUA, as exportações representam menos de 1% da produção nacional, que deve atingir 59 bilhões de unidades em 2025. Portanto, o impacto sobre os preços internos é considerado mínimo.
Enquanto produtores e consumidores aguardam uma possível normalização dos preços, o ovo segue como uma das proteínas mais consumidas no país, refletindo desafios e oportunidades para o setor.