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Emilia Pérez é um desastre cinematográfico, e eu assisti para te poupar! Veja crítica e resumo

Emilia Pérez é um desastre cinematográfico, e eu assisti para te poupar! Veja crítica e resumo

Com tantas opções de conteúdo para assistir no streaming e nas telonas, não é difícil topar com produções de qualidade duvidosa ao buscar algo para se entreter na televisão ou cinema. Mas em 2025, até o Oscar conseguiu abraçar um filme ruim para chamar de seu.

Estamos falando de Emilia Pérez, que chega oficialmente aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 6 de fevereiro. Produzido pela Netflix, o longa deve chegar ao streaming aqui no Brasil durante os próximos meses, mas já adianto: não vale o play.

Eu até gosto de filmes ruins e costumo dar uma chance para produções que claramente não merecem o dinheiro do ingresso (estou falando de você, Armadilha). Mas Emilia Pérez conseguiu me quebrar. A premissa até tem potencial, mas a execução do diretor Jacques Audiard falha em vários níveis.

O filme pode interessar quem é viciado no Oscar e gosta de rir encontrando furos do tamanho de um buraco de bala de AK-47 no roteiro. Mas, se não for o seu caso, trago aqui um breve resumo do que esperar do longa-metragem – com spoilers da história e seu final.

Emilia Pérez é um musical francês sobre o México

É impossível falar de Emilia Pérez sem mencionar as polêmicas ao seu redor. Mas mesmo que você ignore completamente os bastidores, o problema principal do filme salta aos olhos logo nas primeiras cenas.

Dirigido pelo francês Jacques Audiard, o longa é exatamente o que se espera de um filme com temática mexicana concebido por um europeu. Com um mix bizarro de Chaves, Ligeirinho e noticiário policial, a trama gira em torno de um traficante que sonha em transicionar de gênero e pede a ajuda de uma advogada frustrada para tornar isso possível.

A premissa é forte e poderia render um grande drama. Afinal, ser líder de um cartel em um ambiente dominado pelo machismo abre espaço para uma narrativa intensa. Do outro lado, a advogada Rita enfrenta um dilema moral: abrir mão de seus princípios para ganhar dinheiro no mundo do crime? Séries como Breaking Bad e Ozark já provaram que isso pode funcionar muito bem.

Mas Emilia Pérez tem um diferencial que acaba freando qualquer impacto dramático de sua trama: o filme é um musical com execução questionável. A história é intercalada por cenas carregadas de estereótipos que desagradaram os mexicanos e por números musicais que nem sempre fazem sentido.

Em alguns momentos, as cantorias de Emilia Pérez até parecem uma ameaça: assim como uma bala perdida, você nunca sabe de onde virá uma melodia de qualidade duvidosa. O filme chega a um ponto alto do drama e, de repente, um personagem aleatório, como um médico, solta a voz sobre o processo de transição de gênero.

Apesar de alguns momentos musicais entregarem bons movimentos de câmera e performances interessantes, o problema é a inconsistência. Algumas cenas são tão ridículas que parecem uma paródia, enquanto outras são excessivamente sérias, deixando o tom da obra totalmente confuso.

Uma história que não faz sentido

Musicais podem não agradar o público casual, mas uma boa história sempre ajuda esse tipo de obra a “furar a bolha” do Oscar. Filmes como La La Land e RRR conquistaram fãs ao redor do mundo mesmo apostando em cantorias. Emilia Pérez tinha potencial para fazer o mesmo, mas a mão do diretor Jacques Audiard mostra que lidar com um tema que você não conhece pode ser perigoso.

O protagonista, Manitas (Karla Sofía Gascón), é um narcotraficante mexicano que deseja abandonar sua vida criminosa e realizar um sonho que sempre teve: ser uma mulher. Para realizar esse plano, ele procura a advogada Rita (interpretada por Zoë Saldaña), que está insatisfeita com seu trabalho atual, pois sente que apenas encobre os rastros de indivíduos corruptos, sem realmente ajudar as pessoas.

Após receber uma proposta, Rita resolve se tornar a advogada de confiança do traficante e o ajuda a desaparecer e se tornar Emilia Pérez. Para isso, ela busca clínicas de transição em países afastados do México (onde todo mundo sabe cantar) e dá um jeito de extraditar Jessi (Selena Gomez) e os filhos do traficante para a Suíça.

Enquanto tudo dá certo e a morte de Manitas é aceita com tranquilidade pela mídia, o público e seu cartel, bem como pela esposa, Emilia Pérez volta a procurar Rita após alguns anos. O objetivo? Trazer Jessi de volta para o México para que ela, se apresentando como prima de Manitas, se aproxime de seus filhos.

Jessi é uma folha de papel ao vento durante todo o filme Emilia Pérez.

Enquanto o ato de abertura do longa é marcado por cantorias que não precisavam existir, o restante do filme é um show de decisões que não fazem sentido. E não estou nem falando de surrealismo ou algo do tipo: tudo que os personagens fazem parece desconexo.

Jessi, por exemplo, simplesmente não reconhece o marido com sua nova identidade, mesmo vivendo na casa de Emilia Pérez. Apesar de parecer insano pensar que você não reconheceria o “amor de sua vida” após uma transição de gênero, as coisas ficam ainda piores.

Apesar de ter mudado de identidade, Emilia Pérez ainda possui contatos no narcotráfico e toda a sua fortuna feita no mundo do crime. E, em um ato de bondade totalmente sem noção, ela resolve abrir uma ONG que ajuda mulheres a encontrarem parentes mortos pelo narcotráfico. Afinal, quem melhor que um antigo chefe do crime para saber onde corpos são desovados? Incrivelmente, ninguém questiona isso.

Emilia Pérez se torna uma figura pública no México, mas ninguém questiona seus atos ou fortuna.

No fim das contas, a derrocada da personagem acontece após outra decisão burra: impedir que Jessi se case e mude de casa para viver com o bigodudo Gustavo. Com medo de ficar longe de seus filhos, a tia Emilia Pérez ameaça a personagem de Selena Gomez, que toma medidas drásticas.

Jessi e seu marido mexicano resolver sequestrar Emilia Pérez e pedir um resgate para Rita. No final das contas, o plano dá errado e Gustavo foge de carro com Emilia e Jessi, que finalmente descobre a verdadeira identidade da protagonista.

Tudo termina com o trio sofrendo um acidente de carro após Jessi entrar em conflito com Gustavo para tentar salvar Emilia Pérez. Enquanto o veículo explode em chamas após percorrer quilômetros e cair de um penhasco, Rita olha a cena no horizonte, sem nenhuma explicação de como ela chegou até ali.

O grande “vilão” do filme é um mexicano com bigode e que usa chapéu. É quase um live-action de Pica-Pau.

Nas cenas finais, temos um desfecho previsível: Rita, que tinha o desejo de ser mãe, se torna a guardiã das crianças de Emilia Pérez e Jessi. Enquanto isso, a população mexicana realiza uma celebração para homenagear Emilia, sem questionar os motivos de sua morte e ligação com o crime organizado.

Ou seja, mesmo tendo cometido crimes no passado e com sua nova identidade, a personagem ainda vira uma “santa” para a sua população? O motivo para isso? Só a mente tortuosa do diretor saberia explicar.

Vale a pena ver Emilia Pérez?

Mesmo deixando as polêmicas de lado, Emilia Pérez insulta a inteligência do espectador e seus ouvidos. Com boas ideias mal executadas, o longa mistura cantorias desnecessárias com estereótipos, criando uma aberração cinematográfica feita sob medida para agradar gringos que votam no Oscar.

O filme aborda temas importantes como representatividade e questões sociais, mas de forma tão rasa que acaba prejudicando as causas que tenta levantar. No fim das contas, só vale a pena assistir o longa-metragem em duas situações: para rir ou para reclamar com propriedade.

Se depois de tudo isso você ainda quiser assistir, boa sorte. Emilia Pérez já está em cartaz nos cinemas.

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