Delegações de diversos países – entre elas a brasileira – deixaram o plenário da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta sexta-feira (26), no momento em que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se preparava para iniciar seu discurso.
O protesto foi combinado previamente entre as delegações, como uma crítica aos ataques feitos por Israel contra os territórios palestinos e, em especial, a Faixa de Gaza.
Contatado pela Agência Brasil, o Ministério das Relações Exteriores informou que não fará “manifestações adicionais” sobre o ocorrido, mas lembrou que, em algumas ocasiões, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia criticado os ataques israelenses contra a população palestina.
Genocídio
O presidente brasileiro classificou a incursão israelenses na Faixa de Gaza como genocídio em diversas oportunidade, inclusive durante seu discurso na abertura da assembleia
“Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente”, discursou o presidente brasileiro na terça-feira (23), durante a cerimônia de abertura da assembleia.
Hoje, ao discursar em uma assembleia esvaziada, Netanyahu reiterou as acusações de que “os inimigos de Israel” são também inimigos de outros países, inclusive seu maior parceiro, os Estados Unidos.
Milhares de mortes
A Faixa de Gaza é um território palestino que tem sido alvo de intensos bombardeios e ataques por terra do Exército de Israel desde um atentado do grupo islâmico Hamas a vilas israelenses, em outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e fez 220 reféns. O Hamas, que governa Gaza, sustenta que o ataque foi uma resposta ao cerco de mais de 17 anos imposto ao enclave e também à ocupação dos territórios palestinos por Israel.
Os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, desde então, já fizeram mais de 60 mil vítimas, além de destruírem hospitais, escolas e todo tipo de infraestrutura que presta serviços à população. Um bloqueio às fronteiras do território também dificulta a entrada de alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária. Segundo Israel, o objetivo é resgatar os reféns que ainda estão com o Hamas e eliminar o grupo completamente.
O conflito foi um dos principais temas da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, realizada nesta semana em Nova York, nos Estados Unidos. Antes e durante o evento, países tradicionalmente aliados de Israel e dos Estados Unidos anunciaram o reconhecimento oficial ao Estado palestino, entre eles o Reino Unido, a França, o Canadá e a Austrália. O Brasil já reconhece a Palestina como um país que tem direito à soberania desde 1967 e apoia a coexistência pacífica de dois Estados: um para os palestinos e outro para os israelenses.
Apesar da pressão internacional, o governo de Israel subiu o tom e afirmou que não haverá Estado Palestino.