Com apoio da maioria do AM, Câmara paralisa ação penal contra Ramagem por tentativa de golpe

Com apoio da maioria do AM, Câmara paralisa ação penal contra Ramagem por tentativa de golpe

Manaus (AM) – A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (7) a sustação da ação penal em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), acusado de participação em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A votação revelou uma divisão entre os representantes do Amazonas na Câmara:

Votaram a favor da sustação da ação penal: Adail Filho (Republicanos), Alberto Neto (PL) e Pauderney Avelino (União). Votaram contra: Amom Mandel (Cidadania) e Sidney Leite (PSD). O deputado Átila Lins (PSD) se absteve. Não votou: Fausto Júnior (União) e Silas Câmara (Republicanos) está de licença médica.

Votação nominal – Fonte: Portal da Câmara dos Deputados

A decisão da Câmara adia a tramitação da ação penal até o fim do mandato parlamentar de Ramagem, em 2027, e reforça o peso da articulação política em casos que envolvem integrantes do Congresso acusados de crimes graves contra o Estado Democrático de Direito.

Antes de ir ao Plenário, a matéria foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), defendeu a sustação com base no artigo 53 da Constituição Federal, que permite ao Congresso Nacional paralisar processos penais contra parlamentares por atos ocorridos após a diplomação.

“Sustar a ação penal não é jogar para a impunidade. É a paralisação do curso do processo até o fim do mandato, daqui a 1 ano e 6 meses”, afirmou Gaspar.

O pedido, apresentado pelo Partido Liberal (SAP 1/25), foi aprovado em Plenário por 315 votos a favor, 143 contra e 4 abstenções, sendo oficializado por meio da Resolução 18/25.

Envolvimento de Ramagem

Ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, Ramagem é réu em ação penal no STF por suspeita de integrar o núcleo estratégico da tentativa de golpe. Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), ele teria utilizado a estrutura da Abin para elaborar documentos com informações falsas ou distorcidas, fornecendo base para o questionamento da lisura do sistema eleitoral e da atuação das instituições democráticas, especialmente o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral.

A PGR o aponta como parte do “núcleo operacional” da trama, com papel técnico na produção de relatórios que embasaram a propagação de desinformação institucionalizada — um dos pilares da tentativa de ruptura democrática investigada pela Operação Tempus Veritatis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *