Manaus (AM) – Após mais de 10 anos de espera por justiça, a família da policial militar Deusiane da Silva Pinheiro, assassinada em 2015, finalmente terá a chance de ver os acusados sentados no banco dos réus. O julgamento está marcado para o dia 29 de setembro, em Manaus.
Deusiane tinha apenas 26 anos quando foi encontrada morta com uma perfuração de arma de fogo dentro da base flutuante do Batalhão Ambiental da PM, no rio Tarumã, zona Oeste de Manaus. O caso, inicialmente tratado como suicídio, logo levantou suspeitas de encobrimento e manipulação da cena do crime.
De acordo com o Ministério Público do Amazonas, a versão apresentada pelo principal suspeito, o cabo Elson dos Santos Brito, de que Deusiane teria tirado a própria vida, foi desmentida por perícias técnicas e inconsistências nos depoimentos. Ele é apontado como o autor do disparo, enquanto outros quatro policiais militares foram denunciados por falso testemunho e possível envolvimento na tentativa de encobrir o crime.
A perícia revelou, entre outros indícios, a troca do ferrolho da arma de Elson com o de outra arma do batalhão, em uma suposta tentativa de dificultar a investigação. O MP afirma que o sangue da vítima foi encontrado na peça trocada, o que comprovaria a adulteração das provas com a conivência de colegas do acusado.
O caso será julgado por um júri especial militar, formado por policiais militares, já que os réus são integrantes da corporação.
Relembre os acusados
- Elson dos Santos Brito – apontado como autor do disparo;
- Jairo Oliveira Gomes (cabo) – denunciado por falso testemunho;
- Cosme Moura Souza (cabo) – denunciado por falso testemunho;
- Narcízio Guimarães Neto (cabo) – denunciado por falso testemunho;
- Júlio Henrique da Silva Gama (soldado) – denunciado por falso testemunho.
Todos estavam presentes na embarcação “Peixe-Boi”, onde ocorreu o crime. Elson e Deusiane estavam sozinhos no andar superior no momento do disparo. Os demais confirmaram a versão de suicídio em seus depoimentos.
A denúncia formal do MP foi feita apenas em julho de 2017, dois anos após o crime. Desde então, o processo se arrastou com idas e vindas judiciais. Agora, o julgamento do caso está finalmente marcado e deve ocorrer em uma segunda-feira, no final de setembro.
A expectativa da família e dos órgãos de defesa da mulher é que este seja um marco para o combate ao feminicídio institucionalizado e à impunidade dentro das forças de segurança.
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